Exatamente neste segundo!
Que não pode ser perdido... esquecido
Escrevo sobre as linhas do destino
todas as palavras que colecionei
durante toda essa minha vida
Anos amargos que passei forjando
a lança do mais enigmático aço
Vou cravá-la no espelho
que se encontra dependurado, por um triz,
na parede da minha cela
E que de tão arranhado,
torce horrivelmente a cara
do meu arquinimigo Eu.
As rosas de sangue
cultivadas para mim
neste pântano que é jardim
de agonia e pesadas alucinações...
... não lambuzam mais
as minhas botas
Lindas botas feitas com a pele rara
de um animal “humanamente” extinto.
É no estrondar das negras tormentas
que a ti respondo, minha vida:
“Queira até o mais insignificante átomo
deste meu corpo insignificante,
que ele teu será”
Foi com teus domínios orientais
que descobri os caminhos de encontrar
o doce que há do outro lado
do amargo do rum
Arrebentar o carvalho
e naufragar docemente
no júbilo da corrente.
E na nudez de uma enseada deserta
tudo começou
Caminhávamos juntos,
nas areias lavadas pelo Atlântico,
quando disseram teus lábios:
“Olhe, Vida...
... isto é o rabo da baleia
Aquilo lá é a cabeça
E o resto?
E o resto?”.
(Fábio Torres).
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