sábado, 27 de agosto de 2011

Poema CARTA A FLORBEL, CAPITÃ-MOR DOS MEUS FREQUENTES PESADELOS

(Solidão de uma noite que parece ser eterna)
 
Cabo Horn / Fonte: Google Imagens.
Eu,
que pensei
ser o meu corpo
o primeiro,
o supremo
Ser o meu coração
um couraçado
indestrutível,
e seus longuíssimos
canhões devastadores
Tu, sempre lacrimosa,
enganaste-me
Na verdade,
fui uma frágil
fragata inglesa
lançada ao Horn,
atirada aos rochedos
pontiagudos
por um galeão espanhol
Não passei de um
diminuto homem
em tua vida
Mais uma nova terra
conquistada e saqueada,
onde fincaste
a bandeira de vitória.
Mesmo assim...
... procuro te buscar
novamente
Atiçar o Cotopaxi
outra vez,
e mais outras
Fazer da luz fugaz
de uma noite apenas
língua do sol que vem
lamber o teu suor
que ainda escorre
em minhas pernas.

(Fábio Torres).

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Poema TÂNIA REGINA

(NEM SEI COMO FICAR DIANTE DA TUA NOBREZA)

TANIANIGER
REGINAINAT

COR
COR DA LUZ
COR DA LUZ DA LUA
           LUZ DA LUA
           LUZ
                      LUA...
... AZUL
FOGO NU...
                      ... CABELO...
... DE FOGO
SOM DE METAL
SOM DOS METAIS
VOZ DE...
                      ... PRATA

LI SAFIRAS EM TEU OLHAR.

(Fábio Torres).

Poema COMPANHEIRO DO TEMPO

Fonte: Google Imagens.
O dia de hoje vai embora
E os dias de amanhã também irão
Eu gostaria tanto de te acompanhar...
Ir com você até o fim
Conhecer novas terras
Nadar noutras praias
Aprender danças diferentes
com os amigos que farei
Sei que é difícil ir
sem saber falar a língua do teu povo
Mas o despertar de cada estação me ensinará
a seguir essa tua tão complexa trajetória
Eu não quero é ficar aqui: uma pedra
no jardim de rochas
Quero ser vida
Animal solto pelos mundos
Um pássaro ao teu lado
Um canto de amor
no calor das manhãs ensolaradas.

(Fábio Torres).

Poema A BESTA TEM VENENO DE COBRA NO CORAÇÃO

O ROSTO DA BESTA É ............. A-
MORTALHADO
POR NÃO CONSEGUIR ME ......... MA
TAR
POIS MEUS IMPULSOS SÃO ...... RE
AIS E SEDENTOS
E ........................................ LO – ACINZENTADO
GO SALTARÃO                                INFLAMADO
PRO CORPO DESSA MULHER.             ALCALINO
PURULENTO
SEMPRE
POR CONSEGUIR ME MATAR
NUNCA
POIS TENHO O AMOR DESSA MULHER.

A BESTA CORCOVEOU E MORREU.

(Fábio Torres).

Poema SEM NOME

Desesperado sim
E sem saber que o trem descarrilhará
na próxima hora
Mas... talvez o mar me liberte,
já que a estrada de ferro
penetra o Atlântico.

Oh, bela harpia
Nobre carniceira de olhar hipnótico
Bate asas...
... vai... procura... acha
Dilacera o peito de quem odeio
Traz-me os olhos podres dos humanos
que mataram a corte e pauladas
o meu filhote
Deixado em pedaços sobre toda
a extensão das planícies
Ardendo no sol.

(Fábio Torres).

Poema IMORTALIDADE

A Essência é eterna
E quando morre o que menos importa,
nasce uma força que já existia
e entorpece o infinito:
a árvore foi assassinada pela estrada,
mas ali sempre existirá uma árvore.

Hoje eu mato de sede a minha morte
Hoje sou um incêndio na solidão
Somos iguais
Irmãos viciados em ter desejos imprescindíveis
Incendiamos a nossa morte
Matamos de sede a solidão
Somos irmãos
Coesos pelo karma da eterna igualdade
Rompemos as comportas às nossas vontades
Em fantásticas e insólitas viagens
Sejam ao sol... ou ao Ártico.
A carne, a navalha rasga, o câncer consome,
engasga os abutres
Os ossos, os vermes alvejam
E depois viram pó, que depois vira nada.
Mas o movimento de todas as cores
que se misturam numa paixão é intenso
E esta gemelidade de luzes se recusa
a atravessar os prismas
Nem os cristais, nem os elementos mais radioativos
conseguem dispersá-la.

Jamais exterminar Essência
Jamais exterminar paixões
São gêmeas xifópagas
Jamais extraí-las.

(Fábio Torres).

Poema CÍCLICO

.....................
.....................
males dispersos
inscritos nas almas
livres no tempo
soltos no mundo
marcados na pele
bordados nos olhos
adentram nas nuvens
desabam em chuva
caem nas torres
escoam das gárgulas
saturam o solo
evaporam em dor
invadem os corpos
deslizam no sangue
saem das bocas
males dispersos
.....................
.....................

(Fábio Torres).

Poema ERÓTICA... SENSUAL

(No ocaso do sol, quando o rio fez a curva sob as sombras da floresta)

Lá fora,
bem distante das espessas
paredes desta masmorra
Com pele bela e macia
Como as espumas do Atlântico e suas ondas
Sem marcas nem um pouco parecidas
com as dos grilhões que aqui me aprisionam
Existe uma superfêmea chamada...
... Liberdade
Babando erotismo... sensualidade.

Na teia mortífera
Bem dentro da casa
da linda aranha ultravenenosa...
... o mundo me espera,
de pernas abertas,
num escancaro fatal
Querendo loucamente,
em sua cama ardente,
envolver-me com seus grandes lábios,
em seus grandes sonhos
entorpecentes.

A vida e esse mar...
Esse sal que vem do mar
quer moldar o meu corpo,
lapidar minhas cabeças
Na medida exata
Para que eu possa me soltar
completamente
Nas raias da loucura
Na têmpera do seu aço
No orgasmo dos seus olhos
Firme e cortante
Erótico... sensual.

Vou te alcançar de qualquer modo
Só preciso descobrir as
coordenadas precisas do teu coração
Sintonizar com exatidão
minha essência na tua
Afinal, já sonhei duas noites
com o entrelace de pernas e
as danças do Senegal.

(Fábio Torres).

Poema FUNERAL

nem exposição
nem reza
nem carro negro
nem túmulo

lua de prata espelhando o mar
o veleiro está em chamas
e o meu corpo está lá

espelho d’água
o veleiro ainda arde
e a minha carne esta-lando

o sol incendeia o mar
o veleiro esfriando
cedro queimado molhado salgado
e as minhas cinzas poluindo o mar

nem exposição
nem reza
nem carro negro
nem túmulo

só luz de prata
espelho de fogo
e mar poluído

(Fábio Torres).

Poema BORBOLETA AMARELA

(A esperança refletida no espaço... na trajetória descrita pela borboleta)

Fonte: Google Imagens.
Havia uma fresta no telhado do mundo
E para ela direcionei a micro-pulsação
que ainda restava na opacidade dos
meus olhos desertos
Que maravilha foi sorrir novamente
A liberdade estava trancada
Mas ela pulou a porteira do céu
e veio ao meu encontro
Aquela dançarina saltou do
plano imaginário
para o espaço vivo de dor e crueldade.

Borboleta amarela,
fantástico é ser linda
igual a você
Mágicas são as acrobacias
que desenhas no ar
Enche de cores abstratas
a tristeza dessa parda atmosfera
Planta e faz germinar
sementes de paraíso
em cada enorme fenda
dessa crosta infernal
E por fim, oh princesa celestial,
vai buscar tuas réplicas companheiras
e vem com elas no ressoar das asas
sobre o véu celestino
Entorpecer de suavidade e leveza
a alma das pedras,
que são rústicas e pesadas
E num espetáculo de dança divinal,
soprar para bem longe
a névoa que encobre o olhar
dessa montanha fantasticamente
espetacular.

(Fábio Torres).

Poema MENSAGEM DE NATAL PARA UM AMIGO CHAMADO ALLAN

Baleia Jubarte / Fonte: Google Imagens.
Vieste
Como que do Land de Baden Württemberg
Atravessando a Floresta Negra
Reunindo os rebanhos
com a flauta de Pã

E disse-me em palavras ternas
o que só os gigantes conseguem proferir:
Que uma rajada de boas emoções recaia sobre você
Não esqueça o canto das baleias
Elas trazem a música da paz.

Jamais esquecerei as sinfonias
que traduzem as forças que amo
e que incendeiam meus olhos.

Inundei o Tártaro
Rompi a litosfera
Afundei todas as galés
E novamente sobre o mar
naveguei até aqui – a Cólquida

Só pra te dizer:
Não morra em espaço algum
Nunca em tempo algum
Sem você talvez as baleias encalhem na praia
Sem haver quem cante pra elas
Sem haver quem as leve pra casa.

(Fábio Torres).

Baleia Jubarte / Fonte: Google Imagens.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Poema O (LINDO) VAGALUME E O (FEIO) HOMEM

Fonte: Google Imagens.
A COR MAIS LINDA
É A DA LUZ MAIS VIVA
DO ANIMAL MAIS BELO

NA NOITE
NA FAZENDA
UM VERDE CINTILANTE PINGOU NA VIDRAÇA
FUI VER QUE LAMPARINA ERA AQUELA
QUE FEZ DA TRANSPARÊNCIA MORTA UM
CRISTAL VIVO
NUM INSTANTE SE COMPÔS UMA CENA EM MINHA
MENTE COSMONAUTA
VI UM CELESTE IMPÉRIO
E UM CAVALEIRO DE ESMERALDA
MONTADO EM SEU IMENSO E
FOGOSO CORCEL ALADO
FUI ME DISTANCIANDO DOS OLHOS DO
MENINO ENGAIOLADO
ATRAVESSEI O CAMPO
POR ENTRE OS CHOCALHOS E CHIFRES DOS BOIS
E POUSEI NO TOPO DE UM DOS MOURÕES DA CERCA
A CONTEMPLAR AQUELA INFINITA PAISAGEM
ENCANTADO COM A PÉROLA ANINHADA SOBRE AS
MONTANHAS PRATEADAS
... FULMINADO PELA CHICOTADA DO VAQUEIRO
O COURO CRU ESTILHAÇOU O
CINTILANTE IMPÉRIO DE ESMERALDA
UM PÁSSARO NA GAIOLA CANTA DOR E TRISTEZA
O HOMEM PENSA QUE É FELICIDADE
E VAI FELIZ COM LIBERDADE
CORTANDO O AR COM SEU CETRO

A COR MAIS FEIA
É A DA LUZ MAIS FRIA
DO SER MAIS HORRENDO.

(Fábio Torres).

Poema ALEXANDRA, A GRANDE

Íbis-Sagrada / Fonte: Google Imagens.

Pareces um Threskiornitídeo
Uma Threskiornis aethiopica
Mais precisamente uma
bela e vaidosa Íbis-Sagrada
Ao sul do Saara
Em algum oásis paradisíaco
Tranquila... compenetrada
Nas proximidades de um curso d’água
Alimentando-se de pequenos peixes,
crustáceos, insetos e anfíbios.

Ou...

... apavorada com alguma tempestade de areia
Temendo que o vento malvado quebre
suas lindas e muito bem tratadas penas.

(Fábio Torres).

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Poema CORAÇÃO DO INFERNO

A seca na região Nordeste do Brasil / Fonte: Gloogle Imagens. 

Minha raiz à flor da terra
chora pelo regresso das águas
O meu grito à flor da pele
não aguenta mais esperar
Onde havia um rio e seus frutos,
agora é lama que secou e rachou
Onde era verde,
hoje é um maciço cinzento
que mais parece um cenário surrealista
de um holocausto nuclear
As estradas e pontes,
que eram a travessia de carros e bois,
não levam mais a lugar algum.
Queria ser uma tempestade,
um vendaval, um furacão,
para arrasar o sofrimento
Ser água de beber,
rebanhos e plantações
Matar a sede e a fome,
a doença e a dor
Este sonho me transporta até bem longe
Mas bem antes de conquistar o que procuro,
desemboca em lugar nenhum
É um ciclo incessante
Partir... avistar o ilusório longínquo e...
... retornar ao coração do inferno.

(Fábio Torres).

Poema DESVANECIDA ALMA

Fonte: Google Imagens.
Sou eu a flor de papiro
Presa no limo às margens do Nilo
Chorando... chorando...
Por ver o falcão-do-Egito
vasculhar as ruínas com sua sombra,
e pousar tranquiiiiilo
na cabeça da Esfinge.
Não sou o falcão:
belo, livre... e indiferente.

Deusa arcana
Imperatriz do azul
de todos os orientes
Musa de faraó,
amada do Cairo ao coração
Luz do amanhecer
ao despertar dos olhos de Xiva.

Que morra o sol...
... e morra a lua
Mas não morras tu
Porque és o meu sol,
minha lua... abissínia.

Minha lua
Minha lua
Minha lua
Minha lua
Minha lua
Minha lua
Minha lua...

... Minha vida...
... Meu tudo.

E após os sonhos e pesadelos,
acordo aos espasmos,
pensando em ti
Transpasso o peito do dia inteiro pensando
As noites... as madrugadas...
Vivo pensando em ti
Te tenho por gravíssima doença
E viajo... viajo... em busca de encontrar
o antídoto... a cura.

(Fábio Torres).

Fonte: Google Imagens.