Meus valores perdidos
E nem o alívio de saber
que o precipício não tem fim
ou que há um rio largo, profundo
e sem correntezas fortes lá embaixo,
para cair livre e sereno
... Só o pavor em saber que o fim
é de hirto aço.
Eu vejo
No meio do mundo
Uma pedra pesada atirada
ao substrato do fundo
de um pântano desconhecido...
... sequer mal traçado
nos mais primitivos pergaminhos
– Quem sabera desse pântano?
– Ora, quem jogou a pedra!
– Mas... quem jogou a pedra?
Eu vejo
O dorso putrefato
Metano
Luz fugaz
Fogo-fátuo
Eu vejo
Sob a água estagnada,
hastes robustas de aço
prendendo o morto ao granito
Densa vasa
Noite sem fim
Eu vejo
O estrondo de uma queda
A tempestade sobre a água negra e gelada
Com a incumbência de arrancar
a carne dos ossos
Eu vejo
Valores perdidos
Pedra pesada no leito do pântano
Esqueleto aprisionado
No aço
Densa vasa
Noite eterna
Fogo-fátuo
E valores perdidos
Eu vejo
No meio do mundo
Vejo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário