sábado, 3 de setembro de 2011

Poema VISÕES (Fantasmagóricas)

Meus valores perdidos
E nem o alívio de saber
que o precipício não tem fim
ou que há um rio largo, profundo
e sem correntezas fortes lá embaixo,
para cair livre e sereno
... Só o pavor em saber que o fim
é de hirto aço.

Eu vejo

No meio do mundo
Uma pedra pesada atirada
ao substrato do fundo
de um pântano desconhecido...
... sequer mal traçado
nos mais primitivos pergaminhos
– Quem sabera desse pântano?
– Ora, quem jogou a pedra!
– Mas... quem jogou a pedra?

Eu vejo

O dorso putrefato
Metano
Luz fugaz
Fogo-fátuo

Eu vejo

Sob a água estagnada,
hastes robustas de aço
prendendo o morto ao granito
Densa vasa
Noite sem fim

Eu vejo

O estrondo de uma queda
A tempestade sobre a água negra e gelada
Com a incumbência de arrancar
a carne dos ossos

Eu vejo

Valores perdidos
Pedra pesada no leito do pântano
Esqueleto aprisionado
No aço
Densa vasa
Noite eterna
Fogo-fátuo
E valores perdidos

Eu vejo
No meio do mundo
Vejo.

(Fábio Torres).

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