quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Poema MÃE CUBANA (Perder um filho...)

Fonte: Google Imagens.
Sonhada cidade noturna
Noturnas paisagens sonhadas
Sonhadas paisagens de Cuba.

As sombras da praia
Enfeitiçadas pela canção
da brisa terrestre
Dançam sob a lua cheia
Espojam-se na areia clareada
Explosivo quebraço das ondas
nas pedras da barra
Que detona espumas
Exalando o cheiro de mar.
Embarcações descansam inquietas...
... águas do cais
Velhos pesqueiros atracados na noite
Esperando a hora de partir.
E inicia-se o espetáculo de sempre:
a ladainha dos cães assustados
e dos galos seresteiros
Há quem esteja acordado?

Mãe desperta
O lamento de mulher irmana-se
ao gemido do canavial
Um pensamento viaja
Em busca do filho que não tem...
... mais
Foi doença?
Foi naufrágio?
Foi um tiro de fuzil.
Vento não falta às velas do tempo
Madrugada morre ao sol
Teu corpo velho e cansado
suporta mais um dia?
Há muito Ela deixou de morder a vida
Hoje só agoniza, sozinha numa casa
sem luz
Lá fora, súplicas à consolação
dessa mulher
Vozes amigas clamando que
a alma revolucionária do homem
que dela nasceu, no meio da selva,
entre avanços e fugas e sob fogo
cerrado, faz-lhe companhia.

Como o crepitar das metralhadoras,
ou o estalido da lenha que arde,
os restos de uma velha senhora
lancinam-se em única oração:
– Mas falta corpo!
Abraçar seu corpo
Afagar seu cabelo
Beijar seus olhos latinos.

Ele morreu encostado a um
monumento fascista
Diante de um pelotão de
fantoches armados de um ditador
Sem último pedido
Guerrilheiro lutando por
“ terra, trabalho e ‘liberdade’ ”
Escarrando de frente
no inimigo comum
Amando seu país.

Olha... o teu corpo velho e cansado
não suporta mais um dia
É que vento não falta às
velas do tempo.

Foi a bala de um fuzil,
mas...

... “Sueños de paisajes cubanos”.

(Fábio Torres).

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