quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Poema O CAVALEIRO DA ORDEM DE SÃO JOÃO DE JERUSALÉM

Fonte: Google Imagens.

Ao fim da noite negra
No esmaecer da lua balsâmica
Como diamantes, safiras e rubis
de um cintilar divino espectral,
as luzes palpitantes do céu âmbar
dançam livres e feéricas
em movimentos cruzados,
irrequietos, descompassados;
em formas orgânicas e longilíneas,
que se estendem impetuosas
por todo o trigal verde e dourado,
balouçado e acalentado
pelo vento mudo e sereno
da augusta manhã.
Ao acordar remansoso do dia
No primeiro suspiro da aurora
Vagarosamente o clarão da guerra
invade a fortaleza de pedra
Com força avassaladora,
como a pérola que cresce e desperta
quebrando a rigidez da ostra
E na recâmara fragrante e azulada,
sobre os lençóis finos e revolvidos,
das taças viradas ainda pingam
gotas frias de hidromel,
e lágrimas dos olhos vermelhos
Das bocas cálidas e molhadas,
entre sussurros e beijos,
os mais sôfregos e derradeiros,
saem balbucios de amor e carinho,
os mais belos e verdadeiros.
Na muralha que salvaguarda
a cidade santa,
abre-se o gigantesco portal
Sob o arco monumental,
sobre um Shire preto de crina ereta,
surge o cavaleiro hospitalário,
vestindo a pesada e reluzente armadura,
empunhando a lança, erguendo o escudo
Embainhado e preso ao dorso
do fiel e manso animal,
o enorme montante levemente oscila,
com o trotar do brioso cavalo
que se desloca ricamente indumentado
O elmo, já de viseira baixa,
oculta o rosto anguloso do homem
por todos amado,
que avança devastado, em silêncio lacrimal
pelo chão de basalto e bruto ônix,
distanciando-se da sua idolatrada,
nela deixando a solidão,
o desterro na alma e no coração
E quando as ferraduras tocam
a planície empoeirada,
as fileiras o reverenciam abrindo o caminho
para que ele se posicione à frente do exército,
das armas, dos tambores e estandartes,
ao lado da cruz
Até alcançar o mar morto
e os feridos e enfermos a resgatar,
há montanhas e desertos a atravessar,
sede, fome e frio a sofrer
e hidras de trinta mil cabeças,
saídas das covas e fragas,
a combater.

... “Combati o bom combate,
terminei a corrida,
guardei a fé” – 2 Timóteo 4:7.

(Fábio Torres).

Nenhum comentário:

Postar um comentário