sábado, 3 de setembro de 2011

Poema VIAGEM FANTÁSTICA

Fonte: Google Imagens.
Acho que foi nos corações da Amazônia
Pelas suas entranhas jamais penetradas pelo usurpador
Reduzido ao tamanho de um pequeno polegar,
eu navegava sobre um rio de beleza inimaginável
Dentro de uma magna Victoria regia
Junto a uma linda soprano anfíbia
Uma imensa e verde rã solista
Que promovia aos meus receptivos ouvidos
recitais de um som imaginário.
E lá íamos nós, numa verdadeira “journey to dawn”
Rumo ao desconhecido mundo fantástico
das futuras espécies aniquiladas pelo predador
Daquela segura embarcação,
postos avante pelas carícias da língua das turvas águas,
víamos as mais incríveis maravilhas do ser Brasil:
paz e vegetal, animal e liberdade.
A cara preta e assobios estridentes
de um bicho doido dependurado pelo rabo.
As serpentes a nos espreitar lá do alto,
deslizando nos grossos galhos das árvores centenárias.
Água fervilhando, piranhas insaciáveis,
ansiosas para comer nossa carne.
Sal – Céu – Cio – Sol – Sul
Linda orquestra colorida, canto tropical, aves orbitais
Gigante baobá, árvore barriguda, celeiro dos pássaros
indígenas, e seus bicos: Tim – Tim – Tim – Tim – Tim...
GRANDES, pequenos, Graciosos, DeSaJeItAdOs...
Artesãos preparando o berçário de novas gerações:
Sal – Tim – Céu – Tim – Cio – Tim – Sol – Tim – Sul – Sul – Sul – Sul – Sul...
Menina Yanomami,
que brinca à sombra dos revelhos jequitibás,
tens nas mãos o sussurro do trovão
Liberta-o, para que ele possa cruzar o arco do céu
Uirapuru feiticeiro, voz da selva-coração-do-mundo
Nascido das entranhas da lua
Preciso viver mais quinze dias
só para te ouvir cantar... cantar... cantar...
Traz até a escuridão dos meus planetas
a luz do universo que há na tua garganta.
Cigana invisível, teia transparente
Ardilosa aranha do negror, teceu a armadilha fatal
Oh, poderoso, imbatível e temido deus das moscas
Até tu foste capturado, depois mumificado
E, dentro em breve, não passarás
de um grande e tolo deus devorado.
Aquelas ruínas... provavelmente de uma
avançada civilização já desaparecida
Que se estendiam sobre ampla plataforma natural
Altíssimas colunas... algumas ainda em prumo,
outras não sei o que, há muito tempo, as fizeram tombar.
Aqueles imensos monumentos pétreos,
precisamente esféricos, encobertos pela densa vegetação
Talvez as esferas de Däniken.
... E continuamos nossa insólita incursão
pelo sombrio e profundo ventre da mata
Até a boca do sol se escancarar diante de nós.

Qual inclemente espírito da floresta
mandaria as tais furiosas vagas,
a nos suplantar de único golpe !??
A desmesurada onda... vindo... veloz...
... engolindo tudo... TUDO !!!
A balsa, o duende e a princesa:
tragados pelo sobrenatural.

Onça pintada
Dorso de jacaré
Pedra lavada
Água de igarapé.

(Fábio Torres).

Fonte: Google Imagens.

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