domingo, 4 de setembro de 2011

Poema NOITE SELVAGEM

(... clarões, desta vila no fim do mundo até o Partenon)

Fonte: Google Imagens.
Noite de horror 
Silêncio infernal
Na estreita jaula da casa,
o homem estático ao clima de morte
A escuridão é tanta,
que fere a sua miopia
Dentes de sabre rasgam-lhe o cérebro
Machado de prata desbasta-lhe a alma
Do lúgubre negror sai a criatura medonha:
embaixo, madona nua;
em cima, a cara de cão com riso sardônico
E despedaça-lhe o resto
Noite de pavor
Berros de horror.

Na madrugada,
na noite velada,
as lâmpadas de mercúrio
são archotes incandescentes
A chuva, pesada, cai feito prensa
Lavando as pedras lisas
que recobrem as ruas tortuosas
Arrebentando as sarjetas
Empanzinado os rios
Engolindo pessoas
O ribombo dos trovões
parece mil cidades e mil avalanches
vindo a baixo num só instante.

Noite selvagem
Embalada por ruidosa sinfonia,
com ínfimos toques de mansidão
Cadenciada pela trilha obscura
de sons entre si adversos:
o ocaso súbito e violento das rosas e dos pilriteiros,
a agonia dos desesperados,
a inclemência sibilante dos ventos
e os movimentos gigantes,
reticentes, serenos e indolentes
dos cajazeiros e palmeiras de Madagascar.

Na tímida sacada do esguio sobrado,
o homem estático ao indomável
Estreita varanda
Os estiletes molham o homem,
dos pés grandes aos joelhos grossos
De repente... os archotes se apagam
Atmosfera cor de breu
Brasa do charuto
Explosões ensurdecedoras...
... e fachos de um deus
Que confortam meus olhos míopes
e iluminam as folhas do havana
e os círculos de fumaça
que suavemente, vagarosamente, desfazem-se...
... no ar.

Mágico é o relâmpago
Mágica é a luz do relâmpago
Mágica é a cor da luz do relâmpago,
o arauto das imensidões.

(Fábio Torres).

Fonte: Google Imagens.

Nenhum comentário:

Postar um comentário