sábado, 10 de dezembro de 2011

Poema O BÁRBARO


Fonte: Google Imagens.

Governei os trirremes,
do Mediterrâneo à Ilha de Páscoa
Tentei arrancar do ahu Te Pito Kura
o Moai Paro, o mais elevado dos moais
nascidos da rocha do Rano Raraku
... Para dar a Ela, só pra vê-la sorrir
Mas quando já tocávamos seu pukao...
... meus guerreiros, todos, foram mortos,
e eu capturado e levado,
pelos espíritos, em fúria, dos Rapanui.

Comandei a caravana de mil camelos,
mil arqueiros e mil cimitarras a Tassili n’Ajjer
Tentei roubar a memória dos ritos tribais,
a paz e as guerras, inscrita à sombra,
com sangue, saliva e argila
nas paredes e tetos paleolíticos
... Para dar a Ela, só pra vê-la sorrir
Mas quando já atingíamos as murtas,
oliveiras e ciprestes tarout...
... meus guerreiros, todos, foram dizimados,
e eu ferido e levado,
pelas divindades do fogo.

Na última tentativa fui muito mais além
Lancei-me a mim mesmo
Explorando o Sahara de 7000 anos atrás
Encontrando em suas regiões mais profundas
o mais raro tesouro
Sentidos, sentimentos, os mais preciosos
Busquei o poema escondido na arca
dentro de uma entre milhões de conchas
no fundo do oceano que jaz sob o deserto,
entregando-o a Ela
Foi quando, enfim, consegui
vê-la sorrir... vê-la chorar.

O bárbaro de mais nada precisou
para consumar sua incursão.

(Fábio Torres).

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