quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Poema PROFANO

Fonte: Google Imagens.
Cena 1 (A Fêmea):
Os outros no casamento daquele
que ela amou e perdeu
Sozinha na casa, a mulher de tão pouca idade
Já de olhar-se nua no espelho
Acariciando sua exuberante puberdade
Descobrir os segredos do seu corpo
e seus poderes de aloucar os homens.

Cena 2 (O Vento):
Numa cama armada sobre
o silêncio de maio,
ela de costas pro teto,
de peitos pro colchão
Espalhada sem roupa nem coberta
Só imagens e recordações
Bebidos três cálices cheios da fada verde,
sente na pele morena
a massagem do vento cálido
que invade o leito através da trama
de fasquias de um muxarabi:
toca-lhe nos pés, desliza até as coxas
e lambe-lhe as nádegas,
possuindo toda a égua
Como um garanhão que ela amou e perdeu
... E o sono lhe pega.

Cena 3 (O Sonho):
Lua cheia, vento maio
As tetas grandes e duras
como melões ainda verdes
Ela sonha com delícias
Membros musculosos e suados
lhe arrebentando de prazer
Vida! Muita vida... aos jorros
Sonho quente, noite nova.

Cena 4 (O Inesperado):
Um estardalhaço de asas espedaça
a transparência do transe
em que a lascívia delira
Ela pensou que era um anjo
a invadir seu quarto
... O estase toma conta dos seus humores!
– “Sossega, fêmea
Fujo daquele que pensaste eu ser
Os sinos de uma catedral me encolerizam
A inhaca do carrasco me enoja
E sua proximidade me apavora
À sombra de uma cruz ele caça
minha liberdade
Mas tu, deusa... conforta-me
Tua beleza, inebriante,
cega o fio dos meus reflexos,
domina cada poro do meu couro
Abre-te a mim
Aqui há fome e alimento
Despeja o teu hálito no meu
Cobiçada rainha escrava
a todas as minhas sedentas vontades
Quero beijar... lamber... chupar... morder...
... todas as partes do teu corpo
De tanto prazer, fazer-te gemer, sussurrar...
... berrar palavras e sons obscenos
Quero acompanhar a sensualidade
dos teus movimentos
Penetrar-te as entranhas,
de todas as maneiras imagináveis
Entranhar-me inteiro em você inteira
Lambuzar-te inteira... oh, eleita”.

Cena 5 (A Cópula):
E aquele belo ser opulento fez-lhe de refúgio
Servindo-a com a longa e ávida língua viscosa
e com o imenso falo em riste
Servindo-se da gula adolescente e tão louca
Da boca inundada de saliva
à profunda garganta já tão rouca
Dos lábios vermelhos da vagina lisa
até atritar-se com as paredes ventrais
E das bandas e rego arregaçados da enorme bunda
ao fundo das mucosas retais.
Atingido o ápice das vigorosas estocadas
e dos urros e agudos gritos primais
Após horas a fio do roçar das dilatadas veias rubro-azuladas
na fina tez dourada até então imaculada,
esguicha o esperma, grosso e assustadoramente farto,
o sêmen branco e ardente,
a lavar as ancas e dorso da cavala alimentada,
desmaiada sobre a cama desfeita
e molhada de mil secreções
Só então sossegando o monstruoso mangalho,
agora flácido, pendurado e gotejante
entre as pernas do saciado mandrago.

Cena 6 (A Despedida):
Levado pelas asas de sombrear,
o alado príncipe viajor
as trevas da madrugada buscou
Deixando naquele lugar
estilhaços de vidro e mulher
Sua pressa assustou-lhe
Aaah... Mas as loucuras que juntos fizeram
paralisaram sua mente num encanto
Tanto que, extasiada, nem percebeu
a chegada dos tontos alcoolizados. 

Cena 7 (O Juramento):
Ao deus de fogo prometeu
Até a morte ao seu encontro galopar
A espera em noite calma
Calma... aberta...
... de janela aberta.

Seus poderes de enlouquecer machos humanos
Demônios!?... Ela nunca havia imaginado.

(Fábio Torres).

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