domingo, 20 de novembro de 2011

POEMA DE MAR

Fonte: Google Imagens.
Tentei escrever um poema
de águas claras,
de azul tão cristalino,
que os saveiros nele ancorados
parecessem levitar
Em que a brisa,
carinhosa como mãos de mãe,
retirasse do meu rosto
o pó das estradas
por onde solitário
e durante anos vaguei
Em que os astros,
como verdes olhos cintilantes,   
guiassem meu bergantim
nas profundezas da noite,
sem bússola ou sextante
Cheio de nautilus,
maravilhosos em sua razão áurea,
flutuando nas cortinas de luz,
em meio a infindáveis
e fantásticos outros néctons;
e de golfinhos, altruístas,
mantendo-me à superfície,
nos momentos de cansaço
em meu nado do continente
às ilhas misteriosas
Com praias submarinas
cercadas de areias alvas e corais
esplendorosos em vida e movimento
Às vezes mitológico e extraordinário,
dominado por deuses, heróis
e criaturas sobrenaturais,
e ambiente das viagens
e aventuras de Verne
Contornado por baías
forradas de pedras e conchas raras,
esculpidas em falésias coloridas
e habitadas por coqueiros
ora querendo saltar aos céus,
ora recurvados, debruçados
a lamber o sal da terra e do mar
Musicado pelas canções do vento,
canto dos animais oceânicos
e sons ritmados das ondas
de espumas efervescentes e fragrantes.
Tentei lapidar um poema assim
Mas não consegui
Levados pelas correntezas,
os versos fugiram de mim.

(Fábio Torres).

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