sábado, 19 de novembro de 2011

Poema O FANTASMA DA RUA NOVA

Fonte: Google Imagens.

No Recife do tempo holandês, degredado o visconde viveu
Costumava percorrer o caminho junto à casa de pólvora
Nascera numa herdade à estrada que passava por Évora
Sonhava com a volta à terra elísia e a esposa ao lado seu.

Mas, em vez do regresso que um dia à amada prometeu,
a fúria do verdugo batavo serviu-lhe com o fio da injustiça
O golpe do gélido machado pôs fim a sua triste vida postiça
No tempo do Recife holandês, degolado o visconde morreu.

Dos solares e vinhedos de Portugal à Maurícia do boi voador 
O luso homem, separado em duas partes, há séculos de dor
como espectro, dentro da noite, chora por sua viscondessa.

“Viveu” a glamurosa era das confeitarias, bondes e zeppelins
Quando a rua já era velha, sofreu entre pierrots e arlequins
E até hoje, sempre na Rua Nova, vaga o visconde sem cabeça.

(Fábio Torres).

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